Justiça condena marido que dopava esposa para que estranhos a estuprassem
Foi condenado nesta quinta-feira (19) a 20 anos de prisão um homem que admitiu dopar a esposa para que desconhecidos a estuprassem em Avignon, na França. O caso, que chocou o país e repercutiu o mundo todo teve o início de seu julgamento em setembro deste ano. Outros 50 envolvidos foram também condenados.
Gisèle Pelicot, vítima / Foto: Manon Cruz / Reuters
Dominique Pelicot (72 anos), durante quase 10 anos drogou Gisèle Pelicot (72 anos) com ansiolíticos entre 2011 e 2020 para fazê-la dormir e submetê-la aos abusos de estranhos recrutados online. Os dois foram casados por 50 anos. A mulher descobriu a história escabrosa após ser acionada pela Políca francesa em uma investigação de que o marido tirou fotos debaixo de saia de mulheres em um supermercado.
Gisèle renunciou ao seu direito de anonimato e defendeu que os vídeos dos abusos fossem exibidos no julgamento. A vítima argumentou que a medida era importante para “permitir que sua história chegasse ao mundo” e para transferir a “vergonha” de volta para os acusados.
Dominique ouviu a sentença sem expressar qualquer emoção. Depois, no momento da leitura das condenações de corréus, curvou o corpo e chorou, de acordo com a BBC.
Além do principal réu, o tribunal declarou culpados os outros 50 acusados — um deles à revelia —, apesar de cerca de 30 deles terem solicitado a absolvição por acreditarem que foram “manipulados” por Dominique Pelicot. Os acusados receberam penas que vão de 3 a 15 anos de reclusão, das quais as defesas terão até dez dias para recorrer.
O segundo réu a receber um veredicto foi Jean-Pierre Marechal, condenado a 12 anos de prisão, cinco a menos do que pedia a promotoria francesa. Ele foi considerado culpado por dopar e estuprar a mulher, Cillia. Ao tribunal, o homem disse ter “seguido a liderança” de Dominique Pelicot e convidado o colega para abusar da própria esposa.
Outros acusados tiveram qualificações diversas julgadas. Além do estupro agravado, Karim Sebaoui, Adrien Longeron e Nicolas Francois foram considerados culpados pela posse de imagens de pornografia infantil. Francois foi sentenciado a 8 anos de prisão com banimento de trabalhos envolvendo crianças, enquanto Longeron pegou 6 anos e Sebaoui, 10. Hughes Malago (5) e Andy Rodriguez (6), por sua vez, foram culpados por tentativa de estupro com fatores agravantes, e Joseph Cocco (3 anos de prisão) e Saifeddine Ghabi (3), por agressão sexual.
Durante o julgamento, Gisèle pediu que a sociedade “machista e patriarcal” mude sua atitude em relação ao estupro e falou sobre sua indignação por nenhum de seus agressores ter alertado a polícia. Alguns a estupraram até seis vezes.
Alguns réus admitiram os estupros e outros se defenderam sob a alegação que acreditavam participar de uma fantasia de um casal libertino, pois tinham “o consentimento do marido” — um exemplo de sua “covardia”, na opinião da vítima. Outros 20 suspeitos seguem em liberdade porque os investigadores não conseguiram identificá-los antes do macrojulgamento.
com informações de O Globo
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