Lula diz na cúpula do Brics que negacionismo climático ‘sabota futuro do planeta’

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, denunciou nesta segunda-feira (7), no segundo e último dia da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, que o “negacionismo” climático e as medidas unilaterais estão “corroendo” os avanços e “sabotando” o futuro do planeta. “Uma década após o Acordo de Paris, faltam recursos para a transição justa planejada, essencial para a construção de um novo ciclo de prosperidade”, disse Lula em seu discurso de abertura do último debate da cúpula de líderes do Brics, dedicado ao meio ambiente e à saúde.

O petista, anfitrião do encontro, lembrou que para alcançar esse objetivo é necessário “triplicar as energias renováveis e duplicar a eficiência energética”, e afirmou que é “inadiável” uma transição “justa” para “o fim do uso de combustíveis fósseis e do desmatamento”. O Brasil, potência mundial em energia verde, mas também petroleira, busca nesta cúpula do BRICS estabelecer uma posição comum entre os 11 membros permanentes do fórum de países emergentes para a cúpula mundial do clima (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro.

No entanto, chegar a um consenso ambicioso é uma utopia, pois o grupo é formado por outros grandes produtores de hidrocarbonetos, como Arábia Saudita, Rússia, Irã e Emirados Árabes Unidos, e é liderado pela China, um dos países mais poluentes do planeta. Além disso, os Estados Unidos, outra das nações que mais poluem, mudaram radicalmente sua política climática desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro, ao voltar a retirar seu país do Acordo de Paris e incentivar os combustíveis fósseis.

Nesse contexto, Lula reconheceu que “80% das emissões de carbono são produzidas por menos de 60 empresas, a maioria dos setores de petróleo, gás e cimento”. E responsabilizou o “mercado” financeiro por incentivar projetos dessa natureza, que vão na contramão da sustentabilidade. “Em 2024, os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram a conceder US$ 869 bilhões para o setor de combustíveis fósseis”, denunciou Lula, que durante seu mandato tem incentivado os investimentos da Petrobras.

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Com tudo, o mandatário advertiu em seu discurso que o aquecimento global avança “a um ritmo mais acelerado do que o previsto”, e que as florestas tropicais, como a Amazônia, se aproximam de seu “ponto de não retorno”, colocando em risco sua capacidade de regeneração. No entanto, ele assegurou que os países do Sul Global, parte deles no Brics, têm condições de “liderar um novo paradigma de desenvolvimento, sem repetir os erros do passado”. “Não seremos simples fornecedores de matérias-primas. Precisamos acessar e desenvolver tecnologias que nos permitam participar de todas as etapas da cadeia de valor”, afirmou.

Assista ao discurso do presidente durante a Cúpula do Brics: 

*Com informações da EFE

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