Lula sobe o tom, chama postura de Trump de ‘irresponsável’ e pede para americano não dar ‘palpite’ sobre o Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta segunda-feira (7) as recentes declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que criticou o Brasil, ameaçou impor tarifas a países alinhados aos Brics e saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu em um processo sobre tentativa de golpe de Estado. Durante entrevista coletiva no encerramento da cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, Lula classificou como “irresponsável” a postura de Trump. “Eu não acho sério um presidente do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo pelas redes sociais. Não queremos imperador. As pessoas precisam aprender o significado da palavra soberania. Cada país é dono do seu nariz”, afirmou.
Trump publicou no domingo (6), em sua rede Truth Social, que aplicará uma tarifa extra de 10% a países que adotarem políticas consideradas “antiamericanas” e associadas ao Brics, grupo atualmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, além de novos membros como Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã e Indonésia. Lula afirmou que o Brasil não aceitará imposições. “Se ele achar que pode taxar, os países também têm o direito de taxar. Existe a lei da reciprocidade. Respeito é bom e todo mundo gosta”, disse o presidente, ao lembrar que o Brasil é um país soberano.
Além da questão comercial, Trump criticou o processo judicial contra Jair Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal), chamando-o de “caça às bruxas”. Em resposta, Lula reforçou que o julgamento é um tema interno do Brasil e rechaçou qualquer interferência externa. “Este país tem lei, tem regra e tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa”, declarou. Mais cedo, em nota oficial, o petista já havia se manifestado: “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja”.
O embate entre os dois líderes ocorre às vésperas do julgamento no STF do processo em que Bolsonaro é acusado de articular uma tentativa de golpe após as eleições de 2022. O ex-presidente nega as acusações e afirma ser alvo de perseguição política. A repercussão das falas de Trump também teve impacto político. Bolsonaro afirmou ter recebido com “alegria” o apoio do ex-presidente americano, e seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive atualmente nos EUA, agradeceu publicamente a manifestação.
Durante a mesma entrevista coletiva, Lula também foi questionado sobre a crise institucional envolvendo o Congresso Nacional, que derrubou um decreto do Executivo sobre o IOF. Ele criticou a atuação do Legislativo e afirmou que não participará da mesa de conciliação convocada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. “Decreto é prerrogativa do Executivo. O Congresso fez algo, na minha opinião, inconstitucional”, afirmou Lula. O presidente ainda disse que discutirá os próximos passos com o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, nos próximos dias.
*Reportagem produzida com auxílio de IA