Regional de Montes Claros aborda HIV na Gestação em reunião do Comitê de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal

“Infecção por HIV na Gestação: Importância da Articulação em Rede” foi o tema da 13ª e última reunião deste ano do Comitê Regional de Prevenção de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal da área de atuação da Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros. Realizada nesta terça-feira (17/12), no auditório do Hospital Universitário Clemente de Faria, o encontro reuniu gestores e coordenadores de serviços municipais de saúde; do Serviço Ambulatorial Especializado (SAE) Ampliado de Montes Claros; representantes de hospitais e de conselhos profissionais ligados à área da saúde.

Na abertura da reunião, a presidente do Comitê Regional de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, Katheryne Tolentino de Souza, ressaltou a importância da abordagem do tema HIV, levando em conta dezembro ser o mês de reforço das ações de prevenção, diagnóstico e assistência às pessoas acometidas pelo agravo.

“A todo tempo os profissionais de saúde precisam estar alertas e preparados para o atendimento das demandas às mulheres portadoras de HIV. A assistência adequada, incluindo as gestantes, é de fundamental importância para contermos a transmissão vertical da infecção”, pontuou Katheryne Tolentino.

Ao ministrar palestra sobre “Equidade em Saúde e Mortalidade Materna em Mulheres Negras”, Graciele Helena Fernandes Silva, referência técnica da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da SRS Montes Claros, lembrou que fatores sociais, econômicos e de raça/cor ainda são determinantes para o difícil acesso das mulheres aos serviços de saúde e, consequentemente, da manutenção de altos índices de mortalidade.

Dados da Diretoria de Informações Epidemiológicas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), apresentados durante a reunião do Comitê Regional de Prevenção de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, apontam que, entre 2018 e 2023, 64% da frequência de mortalidade materna por raça e cor tiveram como vítimas mulheres pardas e negras. Entre mulheres brancas o percentual de mortalidade foi de 29,3% e em 2,4% dos casos não houve registro da raça/cor da vítima.

Ainda de acordo com dados da SES-MG, entre 2018 e 2023, durante a gravidez, a mortalidade de mulheres pardas obteve percentual de 50,4%; negras, 21% e 27,7% tendo como vítimas mulheres brancas.

“Os dados significam que a cor de uma mulher grávida determina suas chances de morrer ou sobreviver a uma gestação”, reforçou Graciele Fernandes ao destacar “a importância dos profissionais de saúde reconhecerem as diferenças nas condições de vida e saúde das pessoas e oferecer atendimento de acordo com as suas necessidades”.

De acordo com dados da Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, realizada em 2022 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), enquanto o número de mortes maternas está em 46,56 para mulheres brancas, no caso das mulheres negras o índice é de 100,38 obitos para cada 100 mil nascidos vivos.

Nos 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, a razão da mortalidade materna por raça/cor preta e parda ficou em 35,37 por 100 mil nascidos vivos. É a sexta maior taxa de mortalidade do estado.

Ainda durante a reunião do Comitê Regional de Prevenção da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, Isabella Barbosa de Oliveira, médica obstetra do Hospital Universitário Clemente de Faria apresentou palestra sobre “Rastreio e Manejo da Infecção HIV/Aids na Gestação, Parto e Puerpério. Já a infectologista do SAE Ampliado de Montes Claros, Lara Jhulilian Tolentino Vieira, abordou o tema “Acompanhamento das crianças expostas ao HIV: Desafios para o Atendimento Compartilhado na Atenção Primária à Saúde”.

Cenário
A referência técnica em HIV/Aids e Infecções Sexualmente Transmissíveis na SRS Montes Claros, Helen Regina Pinheiro Rodrigues, entende que “o Dezembro Vermelho, mês de Luta contra a Aids, constitui momento oportuno para o reforço das ações de conscientização, prevenção, diagnóstico e assistência às pessoas acometidas por esse agravo”.

A referência técnica enfatiza a importância da oferta das tecnologias de prevenção combinada da Profilaxia Pré-Exposição (Prep) – indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV) – e da Profilaxia Pós Exposição ao HIV (PEP); da testagem rápida regular de forma localizada nos grupos chaves e prioritários; acesso à livre demanda de preservativos internos, externos e gel lubrificante; disponibilidade de tratamento para todas as pessoas; redução de danos, imunização e prevenção da transmissão vertical do HIV, da sífilis e das hepatites virais disponibilizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), serviços de urgência e emergência e nas maternidades.

Helen Rodrigues observa que, entre 2010 e 2024, foram notificados 1.277 casos de HIV e 976 de Aids na macrorregião de Saúde do Norte, composta por 86 municípios. Isso resulta numa média de 85 casos com diagnósticos positivos por ano para HIV e 65 para Aids, “o que pode estar relacionado com a ampliação da oferta de testes rápidos nas unidades de saúde, com o consequente diagnóstico precoce”.

Ainda de acordo com levantamento realizado pelas coordenadorias de Vigilância Epidemiológica e de Saúde da SRS Montes Claros, Helen Rodrigues revela que o perfil sócio demográfico da região para o HIV/Aids é semelhante ao do estado com maior evidência de casos em homens se comparado às mulheres; pardos (76% dos casos); faixa etária de 20 a 39 anos apresenta predominância de casos (63%); e 21% dos casos notificados de HIV/Aids envolve pessoas com ensino médio completo e 12% com ensino superior.

Entre 2023 e neste ano, foram notificados 52 óbitos por Aids em municípios que integram a área de atuação da SRS Montes Claros. Trinta e sete óbitos tiveram homens como vítimas e 15 foram de mulheres. Do total de casos, quatorze óbitos vitimaram pessoas na faixa etária de 30 a 39 anos. Neste período não ocorreram óbitos de crianças e gestantes causados pela Aids.

Entre 2010 e 2024, foram notificados 246 casos de HIV em gestantes no Norte de Minas, perfazendo uma média de 16 casos anuais. No período, 74% das gestantes diagnosticadas com HIV receberam Tratamento Antirretroviral (TARV) no pré-natal. A meta deve ser maior que 85% de tratamento dos casos notificados. Por outro lado, 72% dos nascidos vivos receberam profilaxia antirretroviral nas primeiras 24 horas de vida.

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